Meu filho é alérgico. E agora?

Lembro-me como se fosse hoje da sensação que senti ao ouvir a alergista diagnosticar que meu Isaac manifestava alergia ao leite de vaca e ao ovo, com 1 ano e 2 meses de idade. Saí do consultório meio zonza, mas disposta a passar na primeira loja para alérgicos e comprar tudo o que ele precisasse, até eu ter tempo de digerir a situação. A aceitação do leite de soja foi instantânea. Que alívio! Um mês depois, sem melhoras, a soja também entraria na lista de restrições.

Temos a sensação de que o mundo se abre embaixo dos nossos pés. Insegurança, ansiedade, dó pelo que a criança não poderá consumir, o medo de que passe vontade dos alimentos que vê, o sofrimento antecipado de ter que negar alguma comida ao seu filho.

O que posso dizer para as mães que passam por esta fase agora é:  tenham calma! Um passo de cada vez! Hoje, quase dois anos depois, posso dizer que a alergia alimentar é um grande aprendizado para a educação de um filho.

  • Ela nos ensina a conscientizar as crianças do que é bom e do que não é, do que pode e do que não pode;
  • Nos ensina a dizer não sem a chance de cedermos, já que envolve a saúde da criança
  • Nos ensina que há uma rede de mães que passam pelo mesmo problema e que estão dispostas a ajudar a superá-lo;
  • Nos mostra o quanto nossos filhos podem ser beneficiados, quanto à qualidade dos alimentos que consomem, a partir dessa dieta da exclusão.
  • Também me deu consciência de muitos produtos considerados “normais” para o consumo de um bebê, como danoninho, chocolate, biscoitos recheados etc etc, ampliando minha visão de mundo sobre o que uma criança realmente precisa.
  • Me ensinou a ler rótulos e ver quanta coisa desnecessária consumimos
  • Me ensinou a por a mão na massa e testar receitas que fossem saborosas e seguras
  • Me permitiu enxergar na pele as dificuldades de ter alguma coisa que fuja ao considerado “normal” (sejam físicas, motoras, mentais, ou alergias) e a ser mais compreensiva, acolhedora e solidária a cada situaçãopirulito de bolo

Tantas vezes me pego cansada de ter de aprender e lidar com tudo isso. De ter jornada dupla e encarar a cozinha para mais uma experiência. Mas tantas vezes me pego agradecendo pela oportunidade de tantos aprendizados. Sabe aquela história de que o ouro precisa passar pelo fogo para se tornar joia preciosa? Então, mamães. Então, famílias. Se eu pudesse dar poucas dicas, diria:

  • Amparem-se uns aos outros enquanto família. Fortaleçam-se.
  • É importante que os cuidados com a alimentação da criança não pesem para um só membro da casa.
  • Desafiem-se a fazer mais e melhor. Um filho nos dá tamanha força
  • Em caso de impossibilidade de preparar o que o filho precisa em sua alimentação, podemos contar atualmente com uma infinidade de produtos seguros para nossos filhos. A desvantagem é o preço dos produtos, que infelizmente não são acessíveis a todos.
  • Conversem com seus filhos, expliquem porque sim e porque não tal alimento. As crianças nos surpreendem!
  • Contem comigo! Traremos no blog uma série de postagens de interesse: quais produtos industrializados podemos consumir; receitinhas salva-vidas; textos sobre o cotidiano de um alérgico; e outras reflexões que possam ajudá-l@s a superar essa fase com mais leveza e sem repassar às crianças nossas angústias. Até porque, na maioria dos casos, é realmente só uma fase. Dentre tantas outras que teremos que encarar na criação de nossos filhotes!

Agora conta pra mim, aqui embaixo, sua experiência com a alergia. Como foi a descoberta? Como você tem se superado? Você também se sente transformada após esse processo? Estou curiosa para ouvir outras histórias!

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